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Câncer de boca e HPV: uma relação perigosa

Câncer de Boca e HPV: uma relação perigosa

O câncer de boca e garganta é o sexto tipo mais frequente no mundo, com mais de 400 mil casos e 230 mil mortes todos os anos.

Sabe-se hoje que o hábito de fumar e de consumir bebidas alcoólicas com frequência são os principais fatores de risco para o câncer de boca. Susceptibilidades genéticas, deficiências nutricionais e costumes dietéticos regionais também são comumente associados ao câncer de cabeça e pescoço.

“A história de uso de tabaco está presente em 90% dos pacientes que desenvolvem câncer da cavidade oral, enquanto o uso crônico de álcool aumenta o risco de desenvolver carcinoma de cavidade oral em seis vezes.” – Dr. Jalmir Rogério Aust, Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 7126 – RQE 7630).

Papilomavírus humano (HPV)

Nas últimas décadas, os estudos têm observado uma forte relação entre o câncer de boca e o papilomavírus humano (HPV). Especialmente em pacientes não fumantes. E isso tanto em homens quanto em mulheres.

O papilomavírus humano (HPV) é transmitido pelo contato direto com a pele e mucosas de pessoas infectadas. Por ser mais frequente nas regiões anal e genital, a principal forma de contágio é através de relações sexuais.

No entanto, com o aumento da prática do sexo oral, o papilomavírus passou a ser encontrado na mucosa bucal.

Riscos para a saúde

Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV. Destes, cerca de 40 podem infectar a região genital e provocar cânceres, como de colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe. Outros tipos podem causar verrugas genitais

Pelo menos 12 tipos de HPV são considerados de alto risco, com maior probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos.

Sintomas do HPV

O principal sintoma do HPV é o aparecimento das verrugas genitais. No entanto, os sinais também podem ser muito difíceis de serem identificados. E isso pode fazer com que as pessoas se contaminem ou transmitam a infecção sem saber. Nem mesmo o uso de preservativos previne 100% contra a doença.

A maioria das pessoas infectadas por HPV são assintomáticas.

Após a infecção, três situações são possíveis: a doença (HPV) pode permanecer em estado latente, estado subclínico ou apresentar manifestações clínicas, como as verrugas genitais. Pessoas assintomáticas (sem verrugas genitais), também podem transmitir a doença.

Além disso, mesmo que a doença tenha manifestações clínicas, as verrugas genitais podem estar localizadas em regiões de difícil visualização. Assim, uma pessoa saudável pode manter relações sexuais com outra infectada sem perceber.

HPV e tabagismo

O hábito de fumar e a infecção pelo HPV podem agir sinergicamente no processo de formação do Câncer de Boca, havendo duas possibilidades: 

1) O tabaco causando uma imunossupressão local, tornando o tecido mais suscetível à infecção pelo HPV; 

2) Carcinógenos químicos derivados do tabaco potencializando as ações de oncogenes do HPV.

A presença do HPV, principalmente os tipos oncogênicos em câncer de boca, não prova que o vírus seja responsável pela doença. Entretanto, pesquisas em medicina molecular e em epidemiologia em carcinomas de colo uterino mostram uma relação forte.

 “Até mesmo estudos experimentais em células epiteliais orais mostram forte evidência de que o HPV possa contribuir para o aparecimento dessas neoplasias malignas. Especialmente no grupo de pacientes não-tabagistas.” – Dr. Jalmir Rogério Aust, Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 7126 – RQE 7630). 

Diagnóstico do HPV

O diagnóstico do papilomavírus humano na mucosa oral é dado pelo exame clínico, citologia, biópsia, imuno-histoquímica, hibridização do DNA, captura híbrida e PCR (polimerase chain reaction).

O HPV 16 parece ser o tipo de HPV mais frequente associado ao câncer de boca.

Os sítios mais comuns de câncer de células escamosas associados ao HPV são a tonsila palatina e base de língua –  juntos chegam a um percentual de 90% dos casos.

Tratamento para o HPV

O HPV não tem cura. Uma vez contraída a doença, não é possível eliminar o vírus. O paciente deve conviver com ele para o resto da vida. 

Os tratamentos visam apenas controlar os sintomas clínicos, como a ocorrência de verrugas genitais e os diversos tipos de neoplasias, como o câncer de boca.

O tratamento das lesões clínicas (verrugas genitais) deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização. Hoje, entre as técnicas disponíveis, estão:

Tratamento para o câncer de boca

O tratamento do câncer de boca também deve ser individualizado. Ele depende, entre outros fatores, do grau de evolução e extensão da doença. Da presença ou não de metástases, por exemplo.

Assim, é possível realizar o tratamento de forma cirúrgica com esvaziamento cervical eletivo ou de necessidade, ou apenas tratando com radioterapia exclusiva junto com a lesão primária.

O manuseio da doença linfonodal regional associada ao câncer de orofaringe é baseada em dois fatores: a presença/extensão da doença linfonodal e a escolha de tratamento para a doença primária.

Nos casos mais avançados, a reconstrução microcirúrgica também é necessária para devolver as capacidades funcionais aos pacientes.

Prevenção do câncer de boca e do HPV

Sem dúvidas, a melhor forma de lidar com o HPV e com o câncer de boca é a prevenção. Hoje, estão disponíveis no Brasil dois tipos de vacinas contra o HPV. Elas buscam proteger as pessoas contra os tipos mais frequentes e perigosos da doença:

As vacinas contra o HPV estão disponíveis na rede privada e são oferecidas em duas doses gratuitamente no Sistema Único de Saúde. A campanha de vacinação pública é direcionada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

Proteja a sua saúde e a da sua família. Previna-se contra o HPV e contra os diversos tipos de neoplasias que podem ser provocados por ele, como o câncer de boca. Os especialistas do NICAP estão a sua disposição. 

Sobre o Autor:

Dr. Jalmir Rogério Aust, Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 7126 – RQE 7630):

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