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Microcirurgia: uma opção de alta complexidade em cirurgias de cabeça e pescoço

jun 5, 2019 | Artigos, Cirurgias, Conteúdo para pacientes

Diferente do que o nome pode sugerir, as microcirurgias são procedimentos muito complexos, realizados com anestesia geral e que podem ter duração de várias horas. Nelas, o médico cirurgião é responsável pelo manuseio de estruturas minúsculas do corpo humano que não podem ser detalhadamente vistas a olho nu. E, para isso, é necessário utilizar instrumentos de amplificação, como microscópios ou lentes de magnificação.

“A microcirurgia é uma das técnicas mais sofisticadas da medicina. Trata-se do melhor recurso para casos complexos e bem selecionados que exigem reconstrução e reconexão de estruturas muito pequenas e delicadas, como artérias, veias e nervos” – Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).

Indicações da Microcirurgia

A técnica de microcirurgia pode ser utilizada por diversas áreas da medicina. Na Ortopedia, por exemplo, é fundamental em cirurgias na mão, por serem estruturas muito pequenas e delicadas. Na Mastologia, a técnica pode ser útil para reconstrução das mamas em mulheres que foram submetidas à remoção radical dos seios em virtude de câncer.

“Com a microcirurgia é possível fazer a reconexão precisa de artérias, veias e nervos. Em determinadas situações, como grandes traumas, queimaduras extensas, escaras em acamados, e defeitos extensos em pacientes submetidos à retirada cirúrgica de câncer, a exposição de estruturas nobres da região lesada pode levar a perda da função dos órgãos acometidos. Diante disso, pode-se realizar um autotransplante, no qual pele, músculos e/ou osso são retirados de uma outra região do corpo do mesmo paciente e transplantados para a região afetada” – Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).

Autotransplante

Na microcirurgia, os médicos cirurgiões são capazes de selecionar e retirar cuidadosamente tecido de outra parte do corpo do paciente, e de conectar esse material à área afetada pelo trauma ou doença. Isso permite que o corpo possa se recuperar de forma segura e, consequentemente, garante uma melhor qualidade de vida ao indivíduo, minimizando perdas de funções importantes.

“Para isso, no entanto, é necessária experiência e qualificação. Para realizar microcirurgias, o médico cirurgião deve passar por cursos específicos. Os fios que utilizamos para aplicar os pontos nas veias, artérias e nervos são mais finos do que fios de cabelo. As pontas das pinças são tão delicadas quanto pontas de agulhas” – Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).   

Microcirurgia de Cabeça e Pescoço

Na Especialidade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a microcirurgia costuma ser utilizada em casos que envolvem reconstrução após o tratamento cirúrgico de câncer, como o de língua, o de laringe e o de faringe. Especialmente em pacientes que já passaram por mais de um tratamento e que já realizaram radioterapia.

“A radioterapia é uma das opções de tratamento em diversos tipos de  câncer em cabeça e pescoço. Geralmente, ela só poder ser utilizada uma única vez na área do corpo que será tratado o câncer. Isso porque, além das células cancerosas, a radioterapia também agride células saudáveis, podendo levar à sérias consequências desagradáveis aos pacientes” – Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).

Assim, caso a doença volte a aparecer – ou uma nova doença aparece na mesma área que foi previamente irradiada – o tratamento cirúrgico geralmente é o mais indicado. E, dependendo do tamanho do câncer, a cirurgia para a retirada do tecido cancerígeno exige uma ressecção muito grande, incluindo pele, músculos e ossos, na qual a utilização de tecidos da mesma região para a reconstrução teria alta probabilidade de cicatrização inadequada, uma vez que as partes “sem a doença” também estariam debilitadas pela radioterapia.

“Nesses casos, nós selecionamos tecidos de outras regiões do corpo do paciente – que não foram agredidas pela radiação – e fazemos o autotransplante. Com a microcirurgia, nós conectamos cuidadosamente – com o uso de microscópios, lentes e pinças especiais – os nervos, veias e artérias. Assim, o tecido transplantado pode se adaptar perfeitamente ao novo local, protegendo e até devolvendo a função da região acometida” –  Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).

Riscos e Cicatriz

Por serem procedimentos de altíssima complexidade e exigirem um grande tempo cirúrgico, os pacientes submetidos à microcirurgias também são suscetíveis a riscos perioperatórios. Os pacientes candidatos a esses procedimentos são cuidadosamente avaliados antes da cirurgia e os riscos e consequências são detalhadamente explicados.

“Uma questão muito relevante está relacionada a área do corpo de onde o tecido transplantado será retirado, também chamada área doadora. Após fazer a retirada do tecido e implantá-lo na região a ser reconstruída, a área doadora também é cuidadosamente fechada, de forma mais simples, de modo que a área doadora fique apenas com uma cicatriz, sem apresentar perda da função do local” – Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).

Trans e pós-operatório

A reconstrução microcirúrgica pode ser realizada na mesma cirurgia de retirada do câncer. Assim, enquanto uma equipe faz a ressecção do tumor, um outro cirurgião já prepara o autotransplante.

Os procedimentos microcirúrgicos também podem ser realizados num segundo momento, como em situações de traumas com perda de grande quantidade de tecidos. Nesses casos, outros cuidados iniciais devem ser realizados antes do procedimento de reconstrução, como limpezas cirúrgicas regulares dos ferimentos e antibioticoterapia. Em ambos os casos a recuperação pós-operatória exige atenção especial.

“Os pacientes submetidos à microcirurgia normalmente passam, pelo menos, 24 horas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nessa unidade o paciente é monitorizado de forma contínua e a área operada é regularmente avaliada. Se as conexões realizadas não estiverem funcionando de forma adequada, uma nova intervenção cirúrgica para correção poderá ser realizada” – Dr. Rafael Nunes Goulart, Médico Cirurgião de Cabeça e Pescoço (CRM/SC 15664 e RQE – 12369).

No geral, o tempo de internação de pacientes com implantes bem sucedidos é em torno de uma semana. Esse período pode variar dependendo da evolução do paciente.

Seguir as orientações do médico responsável durante o período pós-operatório é fundamental para o sucesso do tratamento. Converse com os profissionais da NICAP. Conte conosco!

Sobre o autor:

Dr. Rafael Nunes Goulart (CRM/SC 15664 e RQE – 12369) Possui graduação em Medicina pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (2003-2009). Especialização em em Cirurgia Geral pelo Hospital Regional de São José – Dr. Homero de Miranda Gomes (2010-2012) e Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Centro de Pesquisas Oncológicas – CEPON em Florianópolis (2013-2015). Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (2015). Especialização em Microcirurgia Reconstrutiva em Cabeça e Pescoço pela Escola Européia de Reconstrução Microcirúrgica (2018-2019). Atualmente é Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Imperial Hospital de Caridade, SOS Cardio, Hospital Baia Sul, Hospital Governador Celso Ramos, Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) e membro do Núcleo Integrado de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (NICAP).